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Lulu-da-Pomerânia (a Língua do Diabo)

“Quem eram os quatro generais de Alexandre?”

“Ptolomeu, Lisímaco, Selêuco e um outro que desprezo”

Nunca soube o motivo do desprezo pelo quarto general, nem o misterioso nome do Lulu-da-Pomerânia que aparece n’A Dama com Cachorrinho.

A questão que me intriga agora é o diabês. A língua usada pelos intelectuais pós-modernos.

O próprio Satã a ensinou à humanidade, quando escolheu seu seleto grupo de iniciados.

De cócoras ensinou todos seus verbos e declinações, enquantos lhes cortava as unhas e, simetricante, ajeitava as franjas de seus cabelos.

Foi o próprio Diabo que ensinou as atrizes do cinema nacional a deixar seus mamilos visíveis – não é uma coincidência, mas um estratagema satânico, haver em 99% dos filmes brasileiros mulheres com peitinhos desnudos.

“Na antiguidade o Diabo era um ótimo cortador de unhas”, confidenciou-me o jovem que despreza o quarto general de Alexandre.

o Diabo ensinou as egípicas a contornarem os olhos com lápis; foi o próprio Diabo que, sentado nua cadeira de plástico, esperava-as em Mênfis, sob o sol equatorial, aguardando que suas marquinhas de biquíni estivessem prontas.

Botava correntinhas em seus tornozelos, piercings em seus umbigos e falava de nouvelle-vague a noite inteira.

Foi o diabo que ensinou o Zé Wilker a falar “féla da puta”.

Enchia tubos dos orgãos com ratos, derrubava pedreiros dos andaimes das construções góticas.

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Há um antigo dito que conta como mantê-lo longe.

Basta preparar um bom chá, pousar seus olhos numa tela de Tiziano — dedilhe mentalmente as notas do concerto para flauta de Telleman;

Leia aquele trecho de um autor italiano que usa 7 parágrafos descrevendo uma garota observando seu umbigo no espelho;

Quando o Imperador de Tiziano lhe acenar, quando o concerto estiver no “largo”, você verá a abóbada da catedral de Florença mentalmente e seus ouvidos e olhos estarão para sempre protegidos dos feitiços do Diabo e seu terrível cortador de unhas — não se esqueça, é claro, de chamá-lo de “Lulu”, porque é um antigo apelido que ele o-d-e-ia.

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